sexta-feira, 16 de outubro de 2009

EIRAS





Eira é um espaço plano com um chão duro, liso ou empedrado ,de dimensões variáveis, onde os cereais, eram malhados e peneirados, depois de colhidos, com vista a separar a palha e outros detritos dos grãos de cereais. Sua origem está ligada ao advento da agricultura e o consequente cultivo dos cereais, onde se desenvolveram várias técnicas, ferramentas e instalações especificas.
As eiras são também utilizadas para secar outros produtos agrícolas, bem como também cumpriam uma função social, uma vez que proporcionavam um local onde podiam decorrer certas cerimónias ou eventos públicos, tais como bailes, onde aliás também dei a minha "perninha".
Em Portugal, em particular no norte do país, é frequente encontrar espigueiros e palheiros a rodear as eiras, pois eram nestes lugares que os cereais eram armazenados.
A importância da eira na vida das populações rurais era de tal forma evidente, que deram origem a vários toponímicos, e à expressão "sem eira nem beira", que significa destituído de tudo, numa alusão de como as eiras eram centrais na sua vivência, também existem outras versões como a de antigamente as casas das pessoas abastadas tinham no telhado dois tipos de acabamento, a beira ceveira (beira sobre beira = beiral) e a eira que era o acabamento decorado, feito na fachada, e a casa da plebe tinha apenas o telhado sem acabamento.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cruzeiro/Alminhas





                   

Existem na povoação e a eles se associa duas possíveis tipologias funcionais.
A primeira ligada a um percurso espiritual e simultaneamente fisico, o caso das cerimónias religiosas...a procissão.
As cruzes simples ou ostentando a imagem de Cristo, ora invocam a protecção para o viajante, ora celebram determinado acontecimento, ora simbolizam o calvário (via-sacra).
Estas manifestações de religiosidade são essencialmente cristãs, embora se filiem e tenham antecedentes de origem pagã.
Existem elementos que nos levam a querer que existia um elo de ligaçao entre capelas ou entre aldeias pertencentes à mesma paróquia. Caso disso é o facto de na páscoa, o pároco ter de percorrer as casas de todos os seus fiéis, acompanhado pelo seus paroquianos e o cruzeiro era o local onde se esperava a procissão da vizinha aldeia para receber então o padre.
A segunda função teria o condão de proteger os caminhantes(viajantes) das almas penadas que costumavam habitar nas encruzilhadas dos caminhos ou estradas. Pude constatar que a grande maioria destas cruzes e alminhas são amiúde ornamentadas por zelosas devotas com flores e lamparinas, ganhando um alento renovado no mês de Novembro, mês das almas e dos fiéis defuntos e em outras ocasiões específicas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Festividades Nª Sª de Boa Morte





Mais um ano de celebração das festividades em honra da Nª Sª de Boa Morte, que se realizam durante o mês de Julho, sendo este o terceiro ano consecutivo ,após a reconstrução da capela.
As festividades católicas, compostas por missa cantada e procissão decorreram num ambiente adequado ao momento e enquadradas na solenidade do acto.
Este ano o número de forasteiros, foi inferior ao dos anos anteriores, mas não foi motivo para que tudo não decorresse dentro da maior normalidade.
Durante os três dias em que decorreram as festividades com cariz lúdico, não faltaram as actuações de artistas convidados para o efeito.
Na sexta-feira esteve em palco o conjunto "Linha Alternativa",no Sábado actuou o Duo "Bora Lá" e no Domingo para finalizar actuou o Rancho Folclórico de Campia, tendo todos eles correspondido ás expectativas.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Vitela de Lafões






















A região de Lafões em termos de gastronomia é fértil em pratos de se lhe "tirar o chapéu". Entre eles figura a célebre vitela à Lafões que na mesa torna-se uma verdadeira iguaria, pelo sabôr e pela característica da sua macieza, normalmente acompanhada por batatas ,que vão ao forno de lenha, fazendo a delícia de todos aqueles que visitam esta região.
As razões para a qualidade da carne, dependem da base da sua alimentação que é feita exclusivamente do leite materno, mais tarde suplementado com pastos verdes de época, farinhas de milho e centeio produzidos na própria exploração, sendo interdito o uso de rações.
Também a alimentação das mães é baseada nos produtos naturais da região, tais como o milho (das mondas, bandeiras, milharada e palha) centeio e aveia (palha e feno), pastos, ervas e arbustos espontâneos dos montes como urze, carqueja, tojo, rosmaninho e queiró.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Fornos/Fogões



Os fornos de pedra, que existiam na maioria das casas da aldeia, já desapareceram quase na sua totalidade, devido à voragem do tempo. Neles se cozia a broa(pão de milho) e a bôla e nas alturas de festa, estavam receptivos à bela vitela de Lafões e ao cabrito. Actualmente, só a minha tia Alice preserva e mantém um a funcionar, onde ainda coze a broa.
Outros existiram para cozinhar...os fogões em ferro fundido. Eram compostos por uma caldeira de água, um forno e dois ou três bicos e eram também "alimentados" a lenha.

sábado, 23 de maio de 2009

Avicultura





Existiram em grande quantidade vários aviários nesta região, foi um corredor aberto para o emprego de muitas pessoas, dando um largo contributo para o incremento de novas dinâmicas no tecido empresarial.
Infelizmente, grande parte acabaram por terminar o seu ciclo, e hoje não é raro encontrar-mos em completo abandono as estruturas dos mesmos.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MATANÇA do PORCO



O jantar da noite anterior, normalmente é de dieta, pois no dia seguinte, os estomâgos têm que estar receptivos á fartura existente. Chegam os convidados, bem cedo, e a mesa veste-se gulosamente, para o mata-bicho não falta o bagaço, mas na mesa ainda estão "defuntos" do ano anterior: presunto, salpicão, chouriça. Assim esconjurado o frio e preparados para o "crime", avança-se para o cortelho. À frente, o "matador" experiente, de faca na mão, tenta aprisioná-lo pelo focinho. 
Com mais ou menos dificuldade, ei-lo amarrado ao leito da morte. Quatro homens seguram-no, cada um com a sua pata, comandados pelo matador. Afastados os que têm pena, "não vá ele encolher o sangue", chegada a mulher com alguidar, aí vai solenemente a picada mortal, balança-se o porco na luta com a morte.
Segura-se cada um como pode, neste longo minuto de agonia. Em jorros de dôr o animal atroa os ares. O alguidar, em mãos destemidas, vai-se enchendo. A um canto ferve a água nos potes. 
Mais ao lado, a palha vai sendo escolhida para lumieiras que tostarão a pele já morta. Hoje, o maçarico a gás vai substituindo a palha.
Despojado das unhas e queimado o porco de um lado, é hora de o virar. Antes, porém, há o intervalo deste filme para beber um copo de vinho, acompanhado de pedaços de sangue, entretanto já cozido.
E a tarefa vai continuando até não restar um apelo às facas afiadas. Escaldada a língua e a orelheira, calça-se no chambaril e pendura-se numa boa trave.
Aí será " operado" pelo matador que o alivia da primeira carne para a mesa. As tripas são cuidadosamente apartadas para um tabuleiro e, de tarde, serão lavadas em amplos alguidares.
Na cozinha está preparado o manjar. Na panela vão-se derretendo os torresmos. O sarrabulho só espera a água a ferver. Esta iguaria é preparada com pão cortado em pequenas fatias a que se junta o sangue cozido, leva também açúcar ou, noutras terras, alho.
Sobre todo este preparado cai água a ferver. E aí está o famoso sarrabulho que serve de sobremesa e que, em algumas aldeias, chega a dar o nome a este dia festivo rural. - a festa do sarrabulho.
Um ou dois dias depois, desfaz-se o porco, meticulosamente cada peça dá o seu melhor para a salgadeira ou para o fumeiro. Desde os untos à bexiga, nada é estragado. Neste dia, está aínda vivo o hábito de "dar o prato". Consiste em levar aos lares mais chegados, um prato com carne, sangue, costeleta, fígado... para que todos provem da matança. 
É dispendioso, pensa-se. Mas o certo é que nesta altura havia muita coisa que era excessiva   Com este gesto,dar sete ou oito pratos, ganha-se carne durante sete ou oito semanas, pois que, cada vez que uma dessas pessoas mata, vem trazer, fresquinha, a carne do seu porco, retribuindo o prato. 
Salutar e inteligente este hábito comunitário, perdurou durante os tempos. Depois de algumas noite de "enchimento", aí temos cada casa rural apetrechada com condimento delicioso para o ano inteiro: farinheiras, moiras de sangue ou de cebola, chouriças do buchada ou de carne propriamente dita, os salpicões deliciosos.
Alguns comem-se em festividades marcadas: o moiro de sangue - Domingo magro; o salpicão da barbelada - domingo gordo; o salpicão da língua - dia de entrudo.
 

 

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